Muito mais do que meditação: Pesquisas revelam benefícios do incenso para a saúde do cérebro

 em Conteúdo Mãos Ocupadas, Incenso

“Muitas tradições religiosas sustentaram que queimar incenso é bom para a alma. Agora, os biólogos descobriram que é bom para nossos cérebros também.”- Science Daily [1]

Há pessoas que adoram incenso. Usam de manhã, de tarde, de noite… A queima de incenso pode desencadear uma sensação de paz, uma sensação de introspecção, mas também um sentimento de conexão. Quase todos os caminhos espirituais – seculares ou não – incluem incensos. Os Zen Budistas encaram a parede com apenas incenso e o sino (que ocasionalmente é tocado) como companhia.

 

As oito oferendas sensoriais da esquerda para a direita são: água para beber, água para banhar (os pés), flores para a beleza, incenso para o aroma, luz (velas, lamparinas ou lâmpadas) para ver, perfumes, comida para comer e som ou música para ouvir. Fonte: https://goo.gl/vQZQSS

No mundo todo os incensos são usados em rituais sagrados. Alguns acreditam que seu aroma é capaz de facilitar a conexão com o ‘divino’. Outros creem que, junto com a fumaça, suas preces são elevadas aos céus. Há também aqueles que creem que o incenso é uma oferenda ao Universo. E também são muitos os que gostam do aroma e pronto. Enfim, as possibilidades são muitas. Desde catedrais católicas até templos hindus os incensos são frequentes nos seus rituais. Recentemente a ciência está endossando o que mestres espirituais e professores religiosos pregam há tempos: “incensos são bons para o cérebro”. E mais, há evidencias que indicam benefícios clínicos reais, e não meramente ‘efeito placebo’ baseado em crença ou fé.

Alguns incensos em estudos aliviam a depressão, principalmente o olíbano. Fonte: goo.gl/vQZQSS

A ciência sustentando os benefícios do incenso

Recentemente, um estudo da Universidade Johns Hopkins sugeriu que o incenso é mais do que mero simbolismo para a prática da meditação. Embora de ética questionável e condenada por muitos – inclusive por nós – cientistas fizeram experimentos com ratos. A revista Sicence Daily descreveu parte dos resultados desta forma:

“Uma equipe internacional de cientistas, incluindo pesquisadores da Universidade Johns Hopkins e da Universidade Hebraica em Jerusalém, descreve como a queima do olíbano (extraído a partir de uma variedade da planta boswellia) ativa canais iônicos no cérebro e colaboram para aliviar a ansiedade ou a depressão. Isso sugere que uma classe inteiramente nova de drogas contra a depressão e ansiedade pode estar debaixo do nosso nariz “. [1]

A ciência reforça o papel positivo do aroma do incenso como um possível tratamento de suporte para a depressão. Fonte: goo.gl/vQZQSS

Existem muitos outros estudos, nomeadamente um estudo da Universidade da Flórida que mostra:

“Os cheiros inibem e excitam células na área olfativa do cérebro criando mudanças cerebrais”. [3]

Outro, um estudo de 3.000 pessoas no Research Center de Chicago “descobriu que, se as pessoas tivessem a capacidade de sentir cheiro de frutas muitas vezes por dia … elas comeriam  menos e perderiam peso”. [3] É bastante claro o quanto o aroma pode influenciar o humor, as emoções e ao próprio cérebro.

O incenso é onipresente na maioria das religiões do mundo. Você não pode entrar em um templo budista sem andar em meio a fumaça agradável de incenso. Mostrado: incensos sendo queimados em rituais de preces em Thien Hau, Hochi Minh, Vietnã. Fonte: https://goo.gl/vQZQSS

O estudo de Johns Hopkins acrescenta: “Apesar da informação proveniente de textos antigos, os componentes da bosweilla não foram investigados pela psicoatividade”, disse Raphael Mechoulam, um dos co-autores do estudo. “Descobrimos que um componente da resina de boswellia, quando testado em camundongos reduz a ansiedade e provoca comportamentos antidepressivos. Aparentemente, os praticantes mais frequentes consideram que a queima de incenso tem apenas um significado simbólico”.

Odores agradáveis resultam em comportamento antidepressivo

Já que estudos defendem que os benefícios não são apenas psicológicos, é possível deduzir logicamente (mas não provar) que todos os odores agradáveis levariam a um comportamento antidepressivo. É uma hipótese razoável, e certamente apoiada pela aromaterapia. Isso sugere que séculos de medicina aiurvédica e natural provavelmente não estão erradas (pelo menos, elas são livres de risco se não forem usadas como substitutas das terapias convencionais) quando se propõe a listar benefícios variados [citados pela OM Times]:

  • Lavanda, conhecida por aliviar o estresse e relaxar
  • Sândalo: remove tensão, cria consciência
  • Canela: pode aumentar o foco e a concentração, já que é um estimulante natural
  • Cedro ou pinheiro, bem conhecido por ajudar contra a depressão e tristeza
  • Jasmim, equilíbrio hormonal, aumento da libido
  • Âmbar: fortalece o sistema imunológico (principalmente se aplicado o óleo na pele, ao invés de queimado)
  • Olíbano: foi o assunto do estudo acima citado, alivia a depressão; também conhecido por aumentar a criatividade

Assim, é justo dizer que qualquer incenso agradável afetará positivamente o humor.

O incenso é uma prática diária importante para os budistas, pois ajuda a superar o apego e o ego. Fonte: https://goo.gl/vQZQSS

Por que o incenso é importante na prática budista

O incenso é o ‘top of mind’ das oferendas. Quase todas as tradições espirituais usam incenso em seus rituais. No budismo, é mais do que apenas uma “oferta”. De modo geral, as oferendas são práticas passíveis de crítica pois podem soar como ‘moeda de troca’ em uma visão supersticiosa – ou seja, meu presente fará minha divindade feliz. Para os budistas, ao honrar o Buda, Dharma e Sangha, cria-se várias condições positivas, apoiando o bom Karma:

  • Mérito: ao fazer uma oferta, criamos o bom Karma de dar
  • Superando o egoísmo: qualquer oferenda é capaz de criar um bom Karma porque supera as tendências egoístas e centradas no ego e porque oferecemos algo com generosidade
  • Superando o orgulho: dar o que é valioso também é uma maneira de superar o orgulho, especialmente se o incenso é oferecido em uma tigela (bowl).

 

Hábito diário: um incenso por dia

Segundo relato do Dr. Gerald Weissmann, editor-chefe do The FASEB Journal, “estudos sobre como essas drogas psicoativas funcionam nos ajudaram a entender a neurobiologia moderna. A descoberta de como o incenso de olíbano trabalha em regiões específicas do cérebro também deve nos ajudar a entender melhor as doenças do sistema nervoso”.

Este estudo também fornece uma explicação biológica para práticas espirituais de milênios e que persistiram através do tempo, da distância, da cultura, da linguagem. Além disso reforça que a relação espiritualidade X queima de incenso cria um sentimento de aconchego e pertencimento onde quer que você esteja.

E você? Registre nos comentários como você usa o incenso em seu dia a dia.

Boas práticas!

Este texto é resultado da tradução livre de um post sensacional do blog buddhaweekly.com. Vale super a pena a acompanhar o blog. Lembre-se que suas contribuições para melhorar nossa tradução são muito bem-vindas. Deixe-as nos comentários ou envie pelo email [email protected].

Fontes:

https://buddhaweekly.com/why-incense-is-more-than-just-a-pleasant-backdrop-to-meditation/

[1] Science Daily, Burning Incense is Psychoactive

[2] FASAB: The Journal for the Federation for American Experimental Biology Abstract: “Incensole acetate, an incense component, elicits psychoactivity by activating TRPV3 channels in the brain”

[3] The Health Benefits of Incense, OMTimes

Imagem principal: https://i.pinimg.com/originals/21/b4/ab/21b4ab233b98aa84873898bb2cd9f2bf.jpg

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Comentários
  • Jacques
    Responder

    Adoro incenso deixa meu dia mas tranquilo, alivia um pouco o estresse.

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